Calcular o frete de transportes de forma precisa é fundamental para manter sua operação de transporte lucrativa, competitiva e preparada para o futuro.
Este guia reúne as melhores práticas do mercado, embasadas em anos de experiência de profissionais de logística, para ajudá-lo a entender a tabela mínima da ANTT, levantar todos os custos envolvidos, aplicar corretamente a margem de lucro e adotar estratégias que reduzam despesas e imprevistos.
Conteúdo
1 – Tabela Mínima da ANTT: Piso, Não Teto
A tabela da Agência Nacional de Transportes Terrestres foi instituída em 2018 para estabelecer um valor mínimo de frete por quilômetro, de acordo com o número de eixos do veículo.
Funciona como um “salário mínimo” do transporte, garantindo que ninguém cobre abaixo daquele piso. Ademais, desde setembro de 2024, o gatilho de reajuste caiu de 10% para 5% de variação no preço do diesel, tornando-a ainda mais sensível às oscilações de combustível.
Ainda assim, ela não inclui manutenção, diárias, seguros especiais ou reservas para imprevistos, devendo ser usada apenas como referência inicial.
2. Fatores Essenciais no Cálculo do Frete
Para definir um preço justo e lucrativo ao calcular o frete de transportes, é imprescindível levantar todas as variáveis:
2.1 Combustível
Em primeiro lugar, monitore o preço médio por litro ao longo da rota e use o consumo efetivo do veículo (km/L) registrado por telemetria ou histórico operacional.
2.2 Carga
Em seguida, calcule a cubagem (altura × largura × comprimento × 300 kg/m³) e compare com o peso real. Além disso, no caso de cargas perigosas, perecíveis ou de alto valor, inclua custos de seguro, escolta e restrições de horário.
2.3 Rota e Itinerário
Depois disso, considere a distância total, eventuais desvios, todas as praças de pedágio e taxas adicionais por circulação em áreas de risco ou em horários restritos.
2.4 Veículo e Motorista
No que diz respeito ao veículo e ao motorista, avalie primeiramente o tipo de caminhão, levando em conta o número de eixos e a capacidade do tanque.
Em seguida, considere os custos de diárias do motorista, como pernoites e alimentação. Por fim, planeje investimentos em treinamento para direção defensiva e manuseio de cargas especiais.
2.5 Custos Operacionais Adicionais
Inclua seguro de carga e de veículo, uma reserva de contingência de 1–2% do valor do frete para pequenas manutenções ou guincho, e defina uma política clara para repassar ou descontar multas de trânsito.
“Quem não coloca tudo na ponta do lápis acaba consumindo o bem: a idade média da frota no Brasil ultrapassa 12 anos.”
— Especialista em Gestão de Frotas
3. A Margem de Lucro de 30%: O “Número Mágico”
Portanto, aplicar uma margem de 30% sobre o custo operacional total permite cobrir imprevistos não seguráveis, bancar a renovação gradual da frota, premiar colaboradores e reinvestir em capacitação.
Consequentemente, sem essa reserva, não há como poupar para a troca de veículos nem garantir sustentabilidade em momentos de alta concorrência.
“Com margem abaixo de 30%, não sobra reserva para trocar o caminhão; acima, você garante competitividade e capacidade de investimento.”
— Consultor de Custos Logísticos
4. Exemplo Prático de Cálculo
Imagine uma viagem de 765 km em um caminhão de 6 eixos, com consumo de 2 km/L e diesel a R$ 6,80/L:
| Item | Cálculo | Valor (R$) |
| Combustível | (765 km ÷ 2 km/L) × 6,80 | 2601,00 |
| Pedágios, diárias e seguros¹ | – | 1957,00 |
| Custo de operação | – | 4558,00 |
| +30% de margem | 4 558,00 × 0,30 | 1367,40 |
| Frete FINAL | 4 558,00 + 1 367,40 | 5925,40 |
¹ Inclui pedágios, diárias e seguro básico.
5. Gestão de Imprevistos e Custos Ocultos
- Reserva “Deu Ruim”: 1–2% do frete para cobrir guincho ou pequenas manutenções emergenciais;
- Frete ad valorem: acréscimo percentual para garantir cobertura de sinistros não contemplados pelo seguro;
- Treinamento contínuo: reciclagens individuais e em grupo reduzem em até 20% as ocorrências de sinistros e multas;
- Política de multas: formalize desde a contratação quem arca com as infrações, definindo procedimentos de desconto de forma legal.
6. Dicas para Reduzir Custos e Aumentar Lucratividade
- Roteirização avançada com telemetria avançada e análise de histórico de trânsito;
- Negociação de combustível: parcerias ou contratos fixos com postos estratégicos nas rotas;
- Manutenção preventiva: por meio de um cronograma de revisões programadas é possível evitar paradas inesperadas e, consequentemente, custos elevados de reparo;
- Ajuste de cubagem conforme o perfil real da frota para maximizar o rendimento por viagem;
- Provisão de frota anual: destine parte da margem de 30% para comprar à vista um veículo por ano, garantindo descontos e saúde financeira.
7. Ferramentas e Recursos
- Planilha Gratuita de Cálculo de Frete: automatize todas as variáveis e obtenha resultados imediatos;
- Qualp (Tabela ANTT): gere o frete mínimo de forma rápida e compare com seus próprios custos;
- Contele Fleet: solução completa para monitoramento em tempo real, telemetria, roteirização e controle de manutenção.
Como Colocar em Prática o Cálculo de Frete na Sua Operação
Em resumo, calcular o frete de transportes de maneira completa — combinando a tabela mínima da ANTT, todos os custos reais (combustível, pedágios, diárias, seguros e reserva para imprevistos) e uma margem de lucro de 30% — é, portanto, o caminho mais eficaz para manter sua operação de transporte não apenas rentável, mas também competitiva.
Com essas informações em mãos, você consegue:
- Precificar cada rota de forma justa e sem surpresas;
- Garantir recursos para a renovação da frota e treinamentos;
- Reduzir custos operacionais e imprevistos na estrada.
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