Com o aumento da produção do veículo elétrico (VE) no Brasil, muitas empresas começam a questionar o seu custo-benefício.
Os veículos elétricos prometem redução de custos, um impacto menor no meio ambiente e avanços tecnológicos. Mas será que esse é o momento para você investir neles?
Para responder essa dúvida e trazer cases reais de empresas que já estão utilizando VEs na sua frota, eu conversei com dois especialistas.
Eles são Eduardo Bortotti, sócio e diretor da Ecar Fleet, e Leandro Macedo, especialista em mobilidade elétrica e co-fundador da Ampfox.
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Qual a opinião de gestores de frota sobre veículos elétricos?
Uma pesquisa recente feita na Comunidade Frota para Todos (link no final do post) perguntou a 241 gestores de frotas se o veículo elétrico já oferece um bom custo-benefício. E os resultados foram:
- Apenas 8% acreditam que os veículos elétricos já oferecem um bom custo-benefício.
- 37% afirmaram que ainda não vale a pena investir em VEs.
- Mais da metade disse que ainda precisam analisar mais antes de decidir.
Isso mostra que, apesar de um pequeno grupo ver benefícios, a maioria ainda está cautelosa e busca mais informações.
Quais são as vantagens dos veículos elétricos?
Os VEs oferece tanto vantagens ambientais quanto econômicas, por exemplo:
- Redução na produção de CO2: Veículos elétricos não produzem poluentes durante o funcionamento, ajudando a melhorar a qualidade do ar.
- Economia de combustível: Comparados com veículos a combustão, os VEs têm um custo por quilômetro rodado muito menor.
- Redução no custo de manutenção: Manter um veículo elétrico é 30% mais barato em comparação a um veículo convencional. Isso acontece pois o VE possui menos peças e não necessita de troca de óleo.
Em outro post, eu apresentei um comparativo de custos de um veículo elétrico que rodou 1000 km em um mês, contra um veículo à combustão.
Quais são os desafios de implementar veículos elétricos na gestão de frota?
Vamos supor que você já esteja convencido que os veículos elétricos são bons para a sua frota.
Não basta apenas comprá-los.
Atualmente, existem 3 grandes desafios que as empresas precisam enfrentam para adquirir uma frota elétrica.
Infraestrutura de carregamento
Uma empresa com veículos elétricos precisa ter uma infraestrutura de carregamento.
É preciso planejar onde instalar os pontos de recarga, e quais serão os custos disso.
A infraestrutura de carregamento deve ser dimensionada de acordo com o perfil de uso da frota para evitar sobrecargas e garantir a disponibilidade dos veículos.
Leandro Macedo
Durabilidade das baterias
Outro ponto importante é a durabilidade das baterias e os ciclos de recarga.
O gestor de frota precisa monitorar constantemente a vida útil das baterias, e identificar o quanto ela impacta no desempenho.
Veículos elétricos podem realizar grandes viagens?
Os VEs atuais possuem uma autonomia que varia, geralmente, entre 200 a 400 quilômetros por carga.
Isso pode ser suficiente para muitas operações urbanas e de last-mile, mas representa um desafio para viagens mais longas.
Para que os VEs sejam viáveis em grandes viagens, é fundamental contar com uma infraestrutura de recarga robusta e bem distribuída.
Exemplo de custo-benefício do veículo elétrico
Apesar dos carros elétricos terem uma depreciação muito rápida, Eduardo Bortotti afirma que já é possível ver frotas com um bom TCO (Custo Total de Propriedade).
Empresas que rodam mais de 100 km por dia com suas frotas comerciais leves já podem observar um retorno significativo em pouco mais de 1 ano.
Eduardo Bortotti
Case real: Mercado Livre
O Mercado Livre é um exemplo notável de empresa que implementou veículos elétricos em sua frota. Com foco em entregas de última milha, a empresa adotou estratégias inteligentes para maximizar os benefícios dos VEs.
Para maximizar o TCO da frota, eles investiram em estratégias como por exemplo:
- Distribuição estratégica de pontos de recarga;
- Locação de vagas com carregadores.
Para se ter uma ideia, somente em 2023, o Mercado Livre triplicou sua frota de veículos elétricos.
Conclusão
Aos poucos, a frota elétrica vai se tornando uma realidade em muitas empresas brasileiras. No entanto, o decisor precisa levar em conta muita coisa. Temos por exemplo:
- Comparar os custos iniciais de aquisição dos VEs;
- Calcular o TCO;
- Avaliar a infraestrutura de carregamento;
- Analisar o perfil de uso da frota;
- Capacitar motoristas e equipe de manutenção.