Saber mecânica básica é imprescindível para lidar com diversas situações que podem acontecer com os veículos da frota que você gerencia.
Por isso, nós preparamos para o post de hoje uma verdadeira aula sobre mecânica básica para que você consiga aplicar os ensinamentos no dia seguinte.
Para enriquecer o conteúdo, teremos como professor o consultor em gestão de frotas e especialista em manutenção Antônio Marcelino, formado em mecânica automotiva pelo SENAI.
Você sabe mecânica básica?
Para realizar um bom trabalho de manutenção de veículos, um gestor precisa saber ao menos o mínimo sobre o assunto, tanto para identificar o real problema e tomar decisões eficazes, quanto para não ser enganado por nenhum profissional e investir um valor maior do que o necessário.
Mas não se desespere caso não possua o conhecimento, hoje a sua realidade muda! Confira ao longo do post os conceitos e dicas especiais que preparamos sobre mecânica básica.
Sistema do motor
A imagem apresenta um motor de quatro tempos, também conhecido como motor de ciclo Otto, caracterizado por possuir uma vela no centro do cilindro. Esse tipo de motor é o mais comum em automóveis e seus quatro tempos são: admissão, compressão, combustão e exaustão.
O primeiro cilindro possui uma câmara de combustão preenchida em azul, representando o ar que entra pelo filtro de ar e é forçado para baixo pelo motor. No cilindro de compressão, o ar é comprimido e o pistão sobe, impulsionado pelo eixo virabrequim, que conecta todos os pistões. Em um motor de 4 cilindros, a ordem de ignição é 1-3-4-2 em motor linha, como na imagem abaixo:
Enquanto um cilindro explode, o próximo está se preparando para explodir, criando um movimento que faz com que os cilindros girem dentro do virabrequim. O movimento de sobe e desce comprime o ar e eleva a temperatura.
No cilindro de combustão, uma centelha na vela inicia a combustão do combustível já misturado com o ar aquecido e comprimido. Em seguida, o pistão desce novamente, agora no cilindro 4 de exaustão, abrindo uma válvula para liberar os gases da combustão.
É importante realizar a troca das velas periodicamente para evitar a perda de torque e o aumento do consumo de combustível. A falta de troca pode resultar em carbonização do cilindro, diminuindo o espaço entre o núcleo da vela e fazendo com que o motorista precise pisar mais fundo no acelerador.
Lembre-se: fazer a manutenção preventiva é mais barato do que não fazer!
Sistema de alimentação
Na imagem observamos um carro que possui carburador. O quadrado rosa na parte de trás é o tanque e o cano é a tubulação com filtro de combustível. Subindo um pouco mais, seguida da segunda curva, temos a bomba de combustível, acima o carburador e em amarelo o filtro de ar.
Observe melhor como funciona esse sistema de alimentação. O combustível na figura é representado pelo líquido cinza no tanque (canto inferior direito). Esse líquido seguirá para a bomba de combustível, que irá mandar uma quantidade x de pressão de combustível para o bico injetor.
O bico injetor possui uma espécie de central que irá identificar a necessidade de liberação do combustível. Para esse processo ocorrer de forma devida, existem alguns sensores que “conversam” para entender a necessidade da injeção de combustível. A linha azul representa o ar entrando para realizar a mistura que falamos no começo, lembra?
Ao final da linha verde na parte superior, temos o regulador de pressão, é ali que se determina qual a pressão ideal para o motor trabalhar. Passou dessa quantidade, será mandado de volta para o tanque.
Dentro desse processo todo, vimos que vários elementos trabalham juntos, inclusive o filtro de ar. Esse é mais um elemento que precisa da sua atenção, pois é o pulmão do motor e a ausência de troca também acarreta mais gasto de combustível. Um filtro de ar paralelo é visto como uma solução eficaz, porém não é bom para o motor pois a quantidade de dobra de papel é menor, a filtragem é menos eficaz e mandará mais sujeira para o motor.
Sistema de lubrificação
Seguindo na mecânica básica, o sistema de lubrificação consiste em levar o óleo para as peças do motor para não haver problemas de atrito entre as peças metálicas e resultar em um motor fundido. Se o motor estiver trabalhando ferro com ferro, a consequência será um desgaste prematuro muito rápido, desgaste de peças e quebra do motor.
O eixo gira no mínimo 600 vezes por minuto dependendo do motor, podendo chegar em até 1500 vezes. Por isso, cada tipo possui um óleo específico para ser utilizado, respeitando as especificidades da peça e funcionamento.
A maioria dos motores possui uma válvula chamada Bypass, uma válvula de retenção. Portanto, quando o motor é desligado, o óleo se concentra nos dutos de óleo, sendo levado para cima e para baixo. O produto normalmente possui partículas de magneto que facilita a permanência do óleo nas peças para permanecerem lubrificadas.
Sistema de arrefecimento
O arrefecimento serve para refrigerar o motor. A parte vermelha da imagem é a água que está sendo aquecida. Observe que acima existe uma peça em amarelo, chamada de válvula termostática, na qual ela prende essa água dentro do motor e o verde é a água fria.
As flechas azuis representam o ar entrando e a hélice que aparece logo depois está fazendo pressão negativa, ou seja, puxando o ar da frente do veículo e jogando para trás e realizando uma troca de calor rápida devido ao alumínio presente na peça. A água passa pelos dutos, realiza a troca de calor e volta para o motor novamente.
A válvula termostática é importante para regular a temperatura ideal que a água precisa estar para produzir energia e o motor funcionar corretamente.
Quando ele não atinge a temperatura ideal de trabalho, ele consome mais combustível, pois esse combustível a mais irá compensar a caloria em troca da água que não se encontra na temperatura exata. Portanto, é extremamente importante realizar a manutenção dessa válvula.
Um detalhe importante é que os motores precisam trabalhar com aditivo de radiador com monoetilenoglicol, um produto que ajuda a aquecer o motor mais rápido, porém sem deixar a água ferver. Se não houver o uso do aditivo correto para o automóvel, o cloro corrói o cabeçote ao ponto de queimar as juntas.
Sistema Elétrico
Observe na imagem um sistema de ignição de veículo básico. A primeira bolinha azul representa o condensador, abaixo um platinado e ao lado a bobina com o rotor. Na hora em que o rotor passa em cima dos números observados na segunda esfera com a tampa do distribuidor e com o ferrinho que ali se encontra conectado ao cabo de vela, ele manda essa energia para um eixo central que irá distribuir para energizar o sistema.
Com essa energização, gera-se um ciclo de energia constante e resulta nas explosões necessárias para o funcionamento do motor. Por isso, quanto maior a aceleração, mais rápido o sistema vai girar, que pegará pulso do alternador, que sabe com quantas rotações o motor está para entender quantas vezes por minuto ele precisa rodar a ignição para o distribuidor.
Para alimentar a parte elétrica o motor precisa dos seguintes itens: bateria, motor de partida e alternador.
Esse último é essencial para o funcionamento, inclusive, deve dar conta de grande parte do funcionamento do veículo sozinho, até com a ausência da bateria.
Sistema de transmissão
Trouxemos agora a imagem de um trem de força que o veículo possui, essa peça transmitirá a energia que falamos no tópico acima. A energia produzida irá passar pela embreagem, mais especificamente pelo eixo de câmbio, e em seguida temos uma sequência de marcha de engrenagens realizando a compensação de velocidade dentro do câmbio, localizado no ponto de transmissão.
O eixo de transmissão (cardan) é ligado no diferencial, que traciona as rodas. A embreagem serve apenas para ligar e desligar o motor do trem de força, ou seja, quando você pisa na embreagem, você desliga a rotação do motor para o resto do veículo.
Então nós temos um gerador de energia, acoplamento da transmissão de embreagem, transmissão para realizar a seleção de velocidade manual/automática e um eixo que transmite essa velocidade para o diferencial, responsável pela compensação de curva.
Se o seu carro não possui cardan, ele é um carro com motor transversal, ou seja, com motor e câmbio juntos, como demonstra o carro abaixo.
Quando o carro possui tração traseira, como o carro da direita, o diferencial fica atrás.
Sistema de direção mecânica
Um dos princípios da mecânica básica é saber como ocorre a transferência do movimento do volante para as rodas. Existe todo um sistema de direção mecânica com o volante, braço do volante, coluna de direção ligada na caixa de direção com a barra transversal e essa ligada nas rodas, terminal de direção, bandejas, articulação, entre outros.
O eixo tem uma rosca dentro dessa caixa que permite os movimentos de virada das rodas, ou seja, rotação. Ela é interligada nos amortecedores do carro (peças em amarelo) e, apesar de simples, precisa de cuidado e atenção, pois necessita de manutenção preventiva.
Sistema de direção hidráulica
Aqui, nós temos a bomba hidráulica que é impulsionada pelo motor por uma correia por engrenagem. Em seguida, ela manda a pressão para a caixa de direção, onde você faz o movimento mecânico através do volante. Quando você mexe essa caixa, libera-se a pressão de óleo, fazendo esse auxílio ao girar o volante mais leve, reduzindo a força do motorista.
Sistemas e componentes de suspensão
Temos diversos sistemas de suspensão atualmente, mas os mais comuns são o sistema dependente, independente e semi independente. A suspensão é o complexo que absorve os impactos para o veículo, trazendo conforto e segurança na dirigibilidade do veículo. A suspensão e a direção estão ligadas diretamente, trazendo segurança acima de tudo.
Esse sistema é composto por um eixo dianteiro e um traseiro, molas, amortecedor, buchas, bandejas, terminais e outras peças responsáveis por uma boa funcionalidade. Para saber a hora de trocar as peças do sistema de suspensão, principalmente o amortecedor, é preciso analisar o uso do veículo, o tipo de solo e trajetos que influenciam diretamente no sistema.
Quando perceber barulhos diferentes, é hora de se atentar! Qualquer mudança, como barulhos e vazamento de óleo, pode influenciar e desestabilizar a direção do veículo.
É sempre bom verificar se as peças estão boas durante a manutenção do automóvel, mesmo quando os reparos são em outras partes de seu veículo!
Sistemas de freios
Temos acima um sistema simples de freio, o freio a disco com quatro rodas. As sapatas de freio são o freio de mão do carro, ou seja, é ali que o freio de mão age quando você o utiliza.
É um item muito importante pois, ao frear, você precisa sempre frear as rodas de trás primeiro. Se a primeira pressão for à frente do carro, irá ocorrer uma desestabilização com chances de acidente.
Em relação à manutenção, a melhor dica é a revisão periódica. Com frenagem não se brinca! Analise a quantidade de uso e tipo do veículo, e defina um período para realizar a revisão. Avalie também a sua forma de condução: ela influenciará muito no desgaste dos freios.
Quando o freio não é a disco, o cilindro de roda que aciona ela, como na imagem abaixo:
O tubo de alimentação do fluido gera uma pressão de óleo e, quando ela entra no cilindro, aciona os dois pistões. A sapata abre e na campana gera um atrito através da lona, fazendo com que o automóvel pare.
O freio ABS (Antilock Braking System) é o sistema de bloqueio da roda. Quando há uma frenagem brusca, a roda sofre uma pressão para que a mesma trave e o carro não derrape.
O sensor eletrônico deste sistema recebe sinais e frequências que identificam esse cenário e iniciam todo esse processo da liberação de pressão. Após o ocorrido, o automóvel volta a andar, porém gradativamente devido ao autocontrole de frenagem que o ABS proporciona.
Sistemas de Roda
Apesar de já termos abordado um pouquinho sobre o tema, observe a composição desse sistema de frota leve. O cubo da roda é composto pela ponta de eixo, rolamento externo e interno, que inclusive necessitam de revisão periódica, parafusos de roda onde os pneus são presos,
No sistema de frota pesada, representado pela imagem abaixo, observe a ponta de eixo em formato cilíndrico, os rolamentos cromados, o retentor atrás do cromado e uma peça dourada logo em seguida, chamada de roda fônica, responsável pela leitura do ABS. Na parte de cima, temos a sapata de freio, as lonas e a campana.
É importante lembrar que não é eficaz trocar apenas as lonas de freio, mas também a campana. Com o desgaste, as campanas ficam irregulares, portanto, colocar uma lona lisa em uma superfície nessas condições, diminui o atrito energético e desgasta ainda mais os freios.
Sistemas de Escape
O escapamento é uma peça muito importante e muitas pessoas nem imaginam o que tem em um escapamento. O gás do motor sai lá de cima (junta), o sensor de oxigênio mede a quantidade de poluentes que saem do motor, além de conversar com outros módulos do veículo para controlar a sujeira eliminada.
O conversor catalítico é responsável pela limpeza de impurezas, como se fosse um purificador do escapamento. Existe também nesse sistema o ressonador, câmara de ressonância e tubo perfurado, peças que abafam o som do veículo, assim como todas as peças que os precedem.